Para-raios de gente doida
Falei sobre você com pessoas estranhas outra vez. Aquelas que a gente topa pelas ruas quando vestimos uma camisa que chama a atenção com alguma mensagem engraçada ou então que possui nomes de comidas regionais concatenadas com aquele ‘&’ comercial que mais parece um oito.
As pessoas se encontram também nas mensagens que vestimos e, mais ainda, quando usamos camisa de time de futebol.
Ontem, bem cedinho, coloquei o manto sagrado do Vitória e fui no mercado. O primeiro senhor que passou por mim me deu um “Bom dia Colossal” e eu respondi com entusiasmo. Nosso time é uma merda, mas não deixa de ser mais do que gigante.
O sol estava a pino quando outro sujeito parou na minha frente com cara de quem ia me oferecer algum esquema de pirâmide, mas era algo ainda pior. Sem eu ter solicitado, ele me deu um plano estratégico para transformar nosso querido Leão da Barra num Real Madrid do Nordeste. Como presidente, seu primeiro passo seria “acabar com esse negócio de ter presidente”, achei um plano muito interessante apesar de seu conceito ser oblíquo e nubiloso.Me despedi quando ele concatenou essa conversa que surgiu do nada com reclamações ao governo Lula e, claro, ao PT também.
Estava a pé, mas fingi que meu carro tinha chegado e dei aquele famoso golpe do judô chamado VAZARE. Saí do mercado com alguns limões e mais três itens que não precisava e parei na entrada de casa para conversar com a moça dos Chihuahuas. Ela sempre leva queles três enviados do sétimo selo para passear naquele horário e a gente tem um tipo de papo que sempre continua de onde tínhamos parado da última vez. Méritos dela, porque eu nem me lembro o que almocei ontem.
E foi aí que falei de você outra vez. Falei bem, eu sempre falo muito bem de você e de todas as coisas positivas que você me mostrou. Deus me livre de ser mais uma pessoa ordinária que fala mal dos outros pelas costas.
Mentira, eu também falo mal de um monte de gente. Sou humano também, ué.
Agora, de ti, nunca falei mal, nem mesmo para um rapaz — que nunca vi na minha vida — que bateu no meu peito, com força, apenas para falar o óbvio:
“Que camisa linda da porra, viu!”
