As ondas do tempo

As vezes sinto que estou apenas sendo arrastado pelos anos, puxado pelo braço sem nem tempo de olhar para os lados.

Esse sentimento fica preso aqui dentro, como se existisse algo mais a ser feito, mas como fazer mais se o que quero é menos?

Ser menos ansioso, trabalhar menos, me preocupar menor, comer menos, beber menos, sofrer menos.

Li um artigo recentemente falando que é tudo culpa do capitalismo, essa solidão mesmo ao lado de tanta gente, essa vontade de apenas sentar em frente a tv e passar o dia, inteiro, escolhendo filmes que nunca vou ver, séries que não quero assistir e que serão canceladas antes de eu apertar o play.

Sento e escrevo no caderno, todos os dias, toda hora, mas tem lugares que eu penso, e vale ainda escrever nesse canto?

E penso assim porque o capitalismo, por mais que eu queira, não vai acabar, pelo menos não enquanto ainda existe tempo para ser dragado de mim.

Só vale — a pena escrever — quando eu penso que estou escrevendo apenas para mim. Me sinto menos culpado assim.

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Baiano, engenheiro de software, redator na pocilga.com.br, integrante do podcast Suco de Umbivis e aspirante a escritor. Nas redes sociais @marciosmelo

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Marcio Melo

Baiano, engenheiro de software, redator na pocilga.com.br, integrante do podcast Suco de Umbivis e aspirante a escritor. Nas redes sociais @marciosmelo